Édipo a desafiou
Ao desvendar seu enigma
E da esfinge livrar a cidade
Enquanto condenava sua alma
Às predições de um cego
Teria ao menos pensado Sófocles
Será que ele não sabia
Que aquele que de manhã engatinha
À noite sem o que anda sob duas pernas
Nada seria?
Teria ele acertado
Que à tarde valeria a pena lutar
Por sonhos e por ideologias
Em uma juventude de opiniões formadas
Um mundo de escolhas e opções
À seu alcance, todas pela frente…
Teria ele acertado
Que o mesmo que com quarto, duas e três pernas
À noite se conformaria
Com as escolhas que fez durante a tarde
E que trilharam seu caminho durante o dia
Percebe que ideologias não são tão importantes
E se frustra por não ter se tornado
Aquele quem gostaria de ser
E saber que não há como voltar atrás
O relógio
Teria Édipo acertado
Se soubesse seu destino?
Seria diferente?
Faria-o Rei esposo de sua mãe
Assim como previsto?
Será que desafiaria a esfinge
Se soubesse que se tornaria
Tão cego quanto aquele
Que amaldiçoou sua vida?
O que são ideologias
Para quem a mãe seduz
E o pai assassina?
Se ele voltasse o relógio
O destino o condenaria?
A juventude o condenaria?
Andaria sob quarto pernas
E nada seria?
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