domingo, 6 de setembro de 2009

o relógio de Édipo

Édipo a desafiou

Ao desvendar seu enigma

E da esfinge livrar a cidade

Enquanto condenava sua alma

Às predições de um cego

 

Teria ao menos pensado Sófocles

Será que ele não sabia

Que aquele que de manhã engatinha

À noite sem o que anda sob duas pernas

Nada seria?

 

Teria ele acertado

Que à tarde valeria a pena lutar

Por sonhos e por ideologias

Em uma juventude de opiniões formadas  

Um mundo de escolhas e opções

À seu alcance, todas pela frente…

 

Teria ele acertado

Que o mesmo que com quarto, duas e três pernas

À noite se conformaria

Com as escolhas que fez durante a tarde

E que trilharam seu caminho durante o dia

Percebe que ideologias não são tão importantes

E se frustra por não ter se tornado

Aquele quem gostaria de ser

E saber que não há como voltar atrás

O relógio

 

Teria Édipo acertado

Se soubesse seu destino?

Seria diferente?

Faria-o Rei esposo de sua mãe

Assim como previsto?

Será que desafiaria a esfinge

Se soubesse que se tornaria  

Tão cego quanto aquele

Que amaldiçoou sua vida?

 

O que são ideologias

Para quem a mãe seduz

E o pai assassina?

 

Se ele voltasse o relógio

O destino o condenaria?

A juventude o condenaria?

Andaria sob quarto pernas

E nada seria?

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